01. Beirã

02. Santo António das Areias

03. Santa Maria de Marvão

uma freguesia portuguesa do concelho de Marvão, com 50,76 km² de area, 1 426 habitantes e com uma densidade populacional de 28,1 hab/km².
A Freguesia de S. Salvador da Aramenha, ou, S. Salvador do Mundo da Aramenha, terá sido a segunda mais antiga a ser formada na atual área do concelho de Marvão.

…cujos limites geográficos originais são desconhecidos, terá sido demarcada tendo como centro populacional a comunidade que aqui se terá mantido, desde o fim do Império Romano e consequente decadência da velha cidade de Ammaia. Mais tarde e paredes-meias com o fórum da velha cidade de Ammaia, um pequeno templo cristão aqui terá sido edificado nos finais da Idade Média, dedicado ao Salvador do Mundo. Esta invocação, claramente, medieval parece apontar para uma edificação balizável entre os séculos XIV e XV, momento em que a maioria dos templos com esta devoção são construídos no território português.

…juntou-se a palavra Aramenha, certamente anterior. Algo já se tem escrito a propósito desta palavra. Alguns relacionam-na com corruptelas da palavra Ammaia. Segundo os que seguem esta linha entendem que Ammaia terá originado Aramaia e esta ter-se-á fixado como Aramenha. Outros relacionam Aramenha com o Monte Hermínio. Os que seguem esta linha entendem, sobretudo a partir de André de Resende, que a Serra de S. Mamede seria os montes Hermínios Menores dos romanos e que a cidade que aqui se situava também seria conhecida por Hermínia e desta palavra se chegaria a Aramínia e, por fim, a Aramenha. Apoiam-se, ainda, os principais seguidores desta teoria na existência, não muito distante das ruínas da Ammaia, da Herdade do Monte Hermínio, casa agrícola com terreno anexo no qual se destaca uma pequena elevação. A estas duas teorias junta-se ainda uma terceira na qual se reconhece que a velha Ammaia sempre foi considerada no mundo arqueológico como um dos mais importantes sítios romanos em fontes epigráficas. A abundância de pedras epigrafadas, especialmente “aras”, ou pedras de altar, marcam, de forma indelével, estas ruínas. Pode assim, fazer-se convergir a palavra Aramenha na grande abundância de Aras que existiam nestas ruínas. Assim sendo, a palavra Aramenha teria origem na palavra Ara à qual se juntou o sufixo “menha”.

…e se consagrou a S. Salvador do Mundo chegou aos nossos dias a Igreja Paroquial de S. Salvador. O que hoje se pode ver é um edifício com caraterísticas dos inícios da centúria de seiscentos, confirmada pela inscrição que, com alguma dificuldade, ainda se lê no lintel da porta e que se percebe que terá sido, restaurado, ou ampliado ao tempo do Bispo D. Diogo Correia que governou a diocese de Portalegre entre 1598 e 1614.
Edificado o templo cristão foram, naturalmente, crescendo as edificações em torno do adro que em frente dele se desenvolveu e, paralelamente, arruinando as já poucas estruturas habitacionais que ainda abrigariam gentes na área da velha Ammaia, deslocando-se, gradualmente, o centro urbano para o local que hoje se conhece. Estranho se torna que quem edificou o inicial templo cristão de invocação de S. Salvador do Mundo, no local onde hoje se encontra não tivesse antes optado por reutilizar o “podium” do templo romano, ou outra estrutura romana das que ainda se conservariam em bom estado no interior da velha cidade. Optou-se por construir a nova igreja fora do espaço que se reconhece hoje ser o limite da urbe romana. Alguma e certamente forte razão os terá levado a escolher este local.

…com a preexistência de alguma estrutura, também ela religiosa ou fúnebre no local onde hoje se encontra a igreja que vimos tratando. Em frente à igreja, mais ou menos, onde hoje se encontra a estrada nacional passava um dos antigos acessos à Ammaia. Como é sabido, era hábito dos romanos construírem os cemitérios junto às entradas das cidades, associados, ou não, a pequenos templos. Não seria, portanto, de estranhar que também aqui ocorresse algo de semelhante. Se se reparar na orientação da Igreja de S. Salvador da Aramenha verifica-se que ela se encontra edificada contrariando completamente uma das principais normas para a edificação de templos cristãos, isto é, ter o altar principal para o lado do nascente. Na verdade o que acontece com esta igreja é, exatamente, o contrário. Vários casos são conhecidos, onde também esta norma religiosa não é cumprida, mas essas situações ocorrem, principalmente, no interior de espaços urbanos onde por força da modelação preexistente a edificação de uma nova igreja se adapta à malha urbana já construída. Em S. Salvador da Aramenha não é este o caso. As edificações que ladeiam o templo cristão são, nitidamente, posteriores, não tendo condicionado, portanto, a sua construção. Resta assim, a possibilidade da original igreja de S. Salvador do Mundo da Aramenha ter sido edificada sobre estruturas anteriores, certamente romanas e, a meu ver, relacionadas com uma edificação fúnebre ou templo adjacente, organizadas em função da via que junto lhe passava.