morada e contactos:
Câmara Municipal de Portalegre
Rua Guilherme Gomes Fernandes, 28
7300-186 Elvas
tel. 245 307 400/1 | 245 307 470
www.cm-portalegre.pt
municipio@cm-portalegre.pt
área:
447,1 km²
população:
24 416 hab. (2012)
densidade populacional:
54,6 hab./km²
presidente:
Maria Adelaide L. de Aguiar Marques Teixeira
Quando a formação do reino de Portugal, no século XII, é provável que existisse no vale que separa a Penha de S. Tomé (Serra da Penha), do Cabeço do mouro, algumas casas que forneciam refúgio e mantimentos aos que por estas passagens viajassem. Neste Local de passagem (porto), situado numa região verdejante e aprazível (alegre), o casario foi aumentando, constituindo a cidade de Porto Alegre, que com o decorrer do tempo passou-se a designar Portalegre.
Os documentos históricos demonstram que em 1229 Portalegre era vila do concelho de Marvão e que em 1253 já era sede do concelho.
O 1º foral foi-lhe atribuído por D. Afonso III em 1259. Este monarca mandou edificar uma fortaleza que, contudo, ficou incompleta. Em 1271 D. Afonso III doou ao seu segundo filho, o infante D. Afonso, as vilas de Portalegre e Marvão e os senhorios de Vide e Arronches.
Quando faleceu D. Afonso III, em 1279, o infante D. Afonso pretendeu suceder-lhe no trono, alegando que D. Dinis era filho ilegítimo. Esta pretensão não foi tomada a sério mas deu origem a desavenças entre os irmãos.
Portalegre esteve envolvida nesta querela e, em 1299, foi cercada por D. Dinis. O cerco durou cinco meses, e depois D. Afonso rendeu-se. É importante referir que D. Dinis cercou as muralhas que ele próprio mandara edificar em 1290. Na realidade, neste ano, o rei remodelou a alcáçova e a torre de menagem e construiu uma segunda cerca de que ainda hoje existem bastantes troços.
A torre ou atalaia que domina a cidade, conhecida pelo nome de “Atalaião” admite-se que seja um pouco anterior à fortificação de D. Afonso III.
Em 1299 D. Dinis deu a Portalegre o privilegio de não ser concedido o senhorio da vila “nem a infante, nem a homem rico, nem a rica-dona, mas ser d’ el-Rei e de seu filho primeiro herdeiro”.
Quando em 1383 morreu o rei D. Fernando, ficou regente D. Leonor devendo suceder-lhe sua filha e, consequentemente, D. João I de Castela, o marido, facto que traíra a perda da independência.
Estes acontecimentos provocaram a divisão da nobreza portuguesa: a maior parte tomou partido de D. Leonor, enquanto outros seguiram o Mestre de Aviz, nomeadamente Nuno Álvares. Nesta altura era alcaide de Portalegre, D. Pedro Álvares Pereira, Prior do Crato, irmão de Nuno Álvares e ferrenho partidário de D. Leonor, vivia também na vila, numa casa do “corro”, a mãe dos Álvares Pereira, Fria Gonçalves. Em face das posições assumidas pelo alcaide, o povo de Portalegre revoltou-se, cercou o castelo, tendo em consequência, fugido D. Pedro para o Crato.
O ex-alcaide viria a morrer em 1395, na batalha da Aljubarrota, quando combatia ao lado de Castela.
Entretanto, a vila foi adquirindo muito importância e, em 1549, diligências do rei D. João III permitiram que o papa Paulo III expedisse a bula que criava a nova diocese de Portalegre (até então a vila esteve integrada na diocese da Guarda). Em 1550, D. João III escreveu a carta régia que levou Portalegre à categoria de cidade.
Este beneficio não foi fortuito, basta referir que, nesta época, Portalegre era, juntamente com Estremoz e Covilhã, um dos principais centros da indústria de tecidos do país e que o imposto sobre as judiarias era ao do Porto e só ultrapassado por Lisboa, Santarém e Setúbal.
O historiador Marc Bloch afirmava, citando de memória outro autor: “em todas as coisas humanas, são sobretudo dignas de estudo as origens”. Nada é mais verdadeiro.
O interesse por essas origens é tanto maior e mais intensamente vivido quanto mais misteriosas e paradoxais as possamos antever ou perceber, justificando plenamente a citação que Edgar Morin escolheu como abertura ao último capítulo do Paradigma Perdido: “ o que é claro de mais não é interessante”.
O desafio é tanto maior e tanto mais válido, quanto mais difícil se torna penetrar no âmago das coisas humanas, numa tentativa de redescobrir o passado. Tudo isto é válido no que respeita a Portalegre.
Como mais antigas referências documentais aponta-se o foral de D. Afonso III (1259) – cujo texto permanece desconhecido – e uma carta datada de Abril de 1229, em que João Peres Avoino e Marinha Afonso vendiam umas casas que possuíam na vila de Portalegre, ao Mestre da Ordem dos Templários. No aglomerado urbano, deparamos também com alguns monumentos – as muralhas, mandadas construir por D. Dinis, o Convento de Santa Clara, o Convento de S. Francisco, e a Igreja do Espírito Santo (Século XIV). Mas do Século XIII para trás, limitamo-nos a contemplar o enorme vazio que se transforma rapidamente numa grande interrogação.
Como surgiu o aglomerado urbano? O que levou as populações a fixarem-se neste local?
O argumento veiculado por diversos autores, de que as constantes guerras entre cristãos e muçulmanos teriam impedido a existência duradoura de povoações nesta região, longe de constituir um obstáculo, uma barreira intransponível, deve transformar-se num incentivo para procurarmos sinais mais recuados. Muito mais recuados do que a ocupação romana.
A pretensa localização em Portalegre da Ammaia romana, que durante séculos foi considerada certa, esfumou-se, desapareceu, no início dos anos trinta do século XX. Uma inscrição epigráfica esclareceu definitivamente a questão: Ammaia situava-se junto a Marvão, no lugar de Aramenha.
Então, quanto a Portalegre e à sua origem, podem existir não uma, mas uma multiplicidade de respostas.
Vamos recuar no tempo, vamos penetrar nos tempos imemoriais de antes da escrita, na Pré-História, plena daquela “sensação de presságio” de que falava Giorgio de Chirico.
A região de Portalegre foi habitada desde o Paleolítico Inferior, como o demonstram os achados de seixos rolados e lascas atribuídos ao Acheulense inferior e superior e ao Languedocense na jazida pré-histórica de Porto da Bôga, freguesia de Alegrete, estudados por Manuel de Oliveira Jorge e Eduardo da Cunha Serrão. Esta jazida inscreve-se nas que existem em todo o curso do rio Caia, e que tem sido estudadas desde 1920 por Henri Breuil.
Mais recentes, entre o quarto e o início do terceiro milénio antes da nossa era, encontramos diversas manifestações do Megalitismo. As antas das freguesias de Urra, S. Lourenço, Fortios e Alegrete, são testemunhas mudas, da permanência milenária do homem nesta região. Merecem um destaque particular as antas de Entre Ribeiras, Misericórdia, Monte Nogueiro e Campino. Os vestígios romanos, esses encontram-se em abundância em Fortios, Urra e Alegrete.
Por fim, assinalam-se também os enigmáticos túmulos antropomórficos, de origem desconhecida mas presumivelmente proto-cristãos, se encontram representados no concelho – Almojanda, Curral de Jaco, Tapada do Álvaro e Desvário.
As construções de falsa cúpula, estas abundam e disseminam-se um pouco por todo o lado.
Todos estes vestígios testemunham uma permanência humana milenar que antecedeu a formação do aglomerado urbano. Quanto a este, ele é, certamente, medieval, com a fortificação de uma elevação – onde está o castelo – dominante do vale que constituiu, ao longo dos séculos, uma rota comercial que atraiu viajantes através deste Porto Alegre.
Porto: lugar de passagem. Alegre, pela verdura decorrente da água abundante. Que contraste com as regiões circunvizinhas, mais áridas e secas!
Quem resistiria a fixar-se num lugar destes?
(texto da autoria do Prof. Doutor António Ventura)
Placa toponímica: Rua do Arco de Évora
Localização: Rua que faz a ligação da Praça do Município à Rua 1º de Maio.
Já não existe esta porta, nem a sua construção deixou qualquer vestígio. Seria a saída do Largo da Sé, pela Rua do Arco, para a estrada hoje com a designação de 1.º de Maio.
A atribuição do nome de Porta de Évora deve ter sido influenciada pela proximidade da cidade de Évora, capital do Alto Alentejo, que Portalegre quis homenagear.
Com as obras de alargamento da Rua de Elvas, desapareceram os últimos vestígios desta porta, que estava orientada para a cidade fronteiriça.
Placa toponímica: Porta do Crato séc. XIII.
Localização: Liga o Largo do Paço à Rua 1ª de Maio
Conhecida actualmente por “arco do bispo”, é uma construção do século XIII, sendo designada por “ Porta do Crato”.
Este nome advém-lhe, certamente, do facto de se encontrar em frente da vila do Crato, povoado de grande prestígio daquela época. Daqui se avista um deslumbrante panorama. Defronte, num pequeno edifício onde funciona a Câmara Eclesiástica, vê-se o brasão do bispo D. Frei Manuel Coutinho da silva. A seguir, no largo Cristovão Falcão, o célebre poeta Crisfal que nesta cidade nasceu, fica o magnífico Palácio Amarelo, edifício do séc. XVIII que sofreu várias modificações nos dois séculos seguintes. Foi solar dos Rombos de Sousa Tavares e, depois, dos viscondes de Abrançalha. Tem doze janelas com grades de ferro, elegante e ricamente trabalhadas.
Placa toponímica: Porta do Crato séc. XIII.
Localização: Liga o Largo do Paço à Rua 1ª de Maio
Conhecida actualmente por “arco do bispo”, é uma construção do século XIII, sendo designada por “ Porta do Crato”.
Este nome advém-lhe, certamente, do facto de se encontrar em frente da vila do Crato, povoado de grande prestígio daquela época. Daqui se avista um deslumbrante panorama. Defronte, num pequeno edifício onde funciona a Câmara Eclesiástica, vê-se o brasão do bispo D. Frei Manuel Coutinho da silva. A seguir, no largo Cristovão Falcão, o célebre poeta Crisfal que nesta cidade nasceu, fica o magnífico Palácio Amarelo, edifício do séc. XVIII que sofreu várias modificações nos dois séculos seguintes. Foi solar dos Rombos de Sousa Tavares e, depois, dos viscondes de Abrançalha. Tem doze janelas com grades de ferro, elegante e ricamente trabalhadas.A placa toponímica afixada na fachada do Palácio Amarelo, na Rua da Figueira, esclarece-nos que esta artéria, no séc. XIII, tinha a designação de “Poterna”, o que significa que existiu uma “galeria subterrânea ou porta falsa, para sai secretamente da praça fortificada”. Esta passagem presentemente está fechada, não sabemos desde quando, Vide anotações à Rua da Figueira). Não teria havido confusão em classificar ou atribuir à Porta Falsa?
Fica a incógnita.
Placa toponímica: Porta de Devesa – séc. XIII.
Localização: Final da Rua Luís de Camões e início da Rua 5 de Outubro.
Esta porta é uma das insígnias da cidade. O seu nome tem origem no facto de separar a povoação propriamente dita do campo fértil que nesse tempo se lhe seguia, ou ainda por ser o terminus dessa mesma povoação.
Ainda hoje, quem bem olhar, desfruta dali um dos mais belos panoramas que a nossa cidade nos oferece, sendo o encanto de muitos amantes da fotografia.
Podemos admitir que esta porta também fosse conhecida por Porta do Espírito Santo por se avista dali a igreja e o largo com este nome. Esta porta tinha duas torres emparelhadas (antigas armas da vila e depois cidade de Portalegre), tal como se vêem reproduzidas na frontaria do Paços do Concelho
Pelo Eng.º Fernando Alberto de Sodré da Costa Freire, foi apresentada na reunião camarária de 1 de Fevereiro de 1934 uma proposta para alargamento da Rua do Carmo, considerando não só a estética citadina, como a maior facilidade do trânsito. Esta obra, cujo projecto oferecido pelo proponente, viria a debelar a cise de trabalho que avassalava a classe operária, com ela pretendendo a vereação mostrar aos vindouros não estar interessada em destruir, mas sim construir e conservar.
Da proposta constava que para as obras se fizessem as necessárias diligências junto dos proprietários que cederiam os terrenos, a título gratuito, e que o eixo da porta fosse deslocado o necessário para o seu encastramento na muralha ainda existente no Largo dos Combatentes da Grande Guerra, nele se colocando uma lápide com os seguintes dizeres:
“ No primeiro dia do mês de Fevereiro do ano de mil novecentos e trinta e quatro (MCMXXXIV) por proposta do seu Presidente Engenheiro Fernando Alberto de Sodré da Costa Freire, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Portalegre e para efeitos de alargamento da Rua do Carmo, resolveu desloca o eixo desta Porta e encastrá-lo na antiga muralha, a fim de mostrar aos vindouros o culto que as gerações de então tinham pelo passado. O eixo da Porta foi deslocado de doze metros para Sul.
se vêem reproduzidas na frontaria do Paços do Concelho
Placa toponímica: Porta de Alegrete. Séc.XIII.
Localização: Fica no arrabalde de São Francisco e do Corro-hoje Praça da República.
Presentemente, é conhecida por Arco de Santo António, dada a existência ali de um nicho com a imagem daquele santo, padroeiro da cidade de Portalegre, ou ainda por Porta de São Francisco.
Devia ser a porta de maior movimento da cidade, uma vez que era o elo de ligação entre a sua parte mais importante e os lugares de lazer, os mercados e os acessos às Freguesias rurais mais populosas.
Passando pelo arco de Santo António, a Porta de Alegrete, encontrar-nos-emos na Praça da Republica, vasto recinto noutros tempos chamado “Corro”, possivelmente por ser destinado aos folguedos nos quais se quebravam lanças em torneios e se jogavam canas em alcanzias. Neste desafogo recinto, merece atenção um interessante trabalho de alvenaria existente no cunhal de um prédio que dá para a Rua Garrett. Mais adiante, estaremos em presença dos notáveis edifícios do Governo Civil e do Antigo Liceu. O primeiro, do séc. XVIII, pertenceu ao conde Avillez, herói da Guerra Peninsular; o segundo, também do séc. XVIII, foi propriedade de Diogo da Fonseca, celebrado Morgado da Lameira.
Dizem que há muitos anos os mouros moravam na Rua da Mouraria. Um dia em que estavam em guerra com outro povo, um rei mouro fugiu para a Serra da Penha, e se escondeu ali com os fidalgos, as jóias e uma filha.
Mas o outro rei descobriu-o e foi para a Serra para o matar.
Então, o rei para salvar a filha encantou-a e ela ficou escondida com as jóias, numa gruta que ali se encontrava. Ainda hoje chamam a essa gruta “A Cova da Moura”.
Algumas pessoas mais velhas dizem que nas noites de luar se via uma princesa vestida de tule branco passando no alto da Serra a chorar com saudades dos pais, que viu a matar, sem os poder ajudar.
Perto da Ribeira de Nisa ficam as ruínas de um convento, que se situa numa propriedade que deve ter pertencido ao pai de Nuno Alvares Pereira.
Aí, diz-se que na noite de São Pedro aparece uma moura com um tabuleiro com nozes e que as oferece à pessoa que encontrar.
No entanto, ninguém se atreve a tirar uma noz, porque se acertar em determinado fruto ficará rico, mas se não acertar será mordido por uma serpente.
Século XIII- Remodelação da Fortaleza por Dinis e fundação do Convento de S. Francisco
1259- Possível concessão de foral por D. Afonso III
1376- Foi fundado o Convento de Santa Clara
1387- Em 6 de Julho, D João I, grato pela atitude dos portalegrenses ao pugnarem pela sua causa, deu a Portalegre o título de “Leal”.
1511- Em 29 de Março, D. Manuel I concedeu novo foral à vila.
1533- D. João III, em 3 de Janeiro, tornou-a sede de uma nova correição (área de jurisdição do corregedor – juiz presidente dos círculos judiciais).
1550- O mesmo monarca elevou Portalegre à categoria de cidade em 23 de Maio e conseguiu de Roma a criação da Diocese portalegrense.
1552- Inicio da construção do Convento de Santo António.
1556- Foi lançada a primeira pedra da Sé Catedral, a 14 de Maio.
1605- Os Jesuítas instalam na cidade o colégio de S. Sebastião.
1640- Portalegre foi uma das primeiras localidades do país a reconhecer a independência de Portugal e sofre os embates dessa patriótica atitude, durante as lutas da restauração.
1683- Foi fundado o Convento de Santo Agostinho
1704- Filipe V de Espanha conquista Portalegre durante a Guerra da Sucessão de Espanha.
1772- Fundada a Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre, por iniciativa do Marquês de Pombal, instalada no antigo Colégio de S. Sebastião.
1801- “Guerra das Laranjas”. Portalegre é conquistada pelos espanhóis.
1808- Invasões francesas. Portalegre tem que pagar um pesado tributo imposto pelo general Loison, o «Maneta».
1835- Instituição dos distritos a 18 de Julho, Portalegre passou a ser capital de um deles, ficando-lhe associados 15 concelhos.
1848- O industrial inglês George Robinson instala-se em Portalegre
1848- É plantado o famoso Plátano no Rossio.
1947- Nasceu a Manufactura de Tapeçarias.